sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Diferença entre CLIMA e TEMPO


Apesar de serem freqüentemente usadas como sinônimos, as palavras CLIMA e TEMPO têm significados distintos. De acordo com a definição encontrada no dicionário, o clima é o conjunto de condições do tempo (pressão atmosférica, temperatura, ventos, umidade, etc.) que determina o estado médio da atmosfera nas regiões da Terra, enquanto o tempo se refere às condições meteorológicas numa região em certo período. O tempo refere-se ao estado momentâneo que ocorre em determinado lugar a partir do ar atmosférico, e o clima, que é duradouro, corresponde ao conjunto dos tipos de tempo que ocorrem em determinada região, tornando-se uma característica da mesma, sendo equivalente a um padrão geral das condições do ano nela durante um período de mais ou menos 30 anos.

Ao dizermos, em determinado momento do dia, que está quente e úmido, falamos do tempo, que pode mudar de um instante para outro, inclusive podendo se modificar diversas vezes em um só dia graças às massas de ar que estão em constante movimento na troposfera, influenciando o tempo e, conseqüentemente, o clima de diversos locais do planeta. Este, em uma determinada região, pode ser influenciado não somente pelo tempo, mas também fatores como altitude, maritimidade, continentalidade, relevo, correntes marítimas e vegetação. É importante lembrar que, apesar de duradouro, o clima não é imutável.

Os Elementos do Clima

Os elementos do clima, que atuam diretamente sobre ele, são utilizados para definir o tipo climático de uma determinada região. Eles estão apresentados a seguir, acompanhados de suas definições:

1. Temperatura atmosférica: é um dos elementos climáticos mais importantes e refere-se à quantidade de calor na atmosfera, cuja variação depende da sua localização e da circulação atmosférica, sendo, no Brasil, medida em graus Celsius (ºC) (apesar de existir também o Fahrenheit), por um aparelho chamado termômetro. A energia proveniente do sol aquece a superfície terrestre (hidrosfera e litosfera) e esta irradia calor para o ar. Dentre os fatores responsáveis pela variação de temperatura destacam-se a latitude, a altitude, o relevo, os ventos, as chuvas, a urbanização, entre outros.

2. Radiação solar: fornece quase toda a energia utilizada pela Terra. Esta energia é utilizada pelo mecanismo climático para fazer evaporar a água existente no planeta, aquecer e, conseqüentemente, movimentar a atmosfera. Resumindo, a energia solar é o motor que impulsiona o clima.

3. Umidade atmosférica: A umidade representa o vapor d'água contido na atmosfera ou, mais precisamente, na troposfera. Ela é o resultado da evaporação (maior nos oceanos e menor nos continentes) e da evapotranspiração, de acordo com a altitude, a latitude, os ventos e a temperatura. Ela apresenta grande importância para o clima e o tempo, pois desempenha o papel de reguladora térmica, além de que a quantidade de vapor e água na atmosfera determina a possibilidade de ocorrerem ou não precipitações. Costuma diminuir com o aumento da altitude e da latitude e é medida por um aparelho chamado higrômetro. Chama-se umidade absoluta a quantidade de vapor de água existente na atmosfera em um dado momento e ponto de saturação (ou de orvalho) quando a atmosfera recebe a quantidade limite de vapor de água - que varia de acordo com a temperatura -, liberando água que cai sobre o solo em forma de chuva ou outros tipos de precipitação.

4. Precipitação: é assim chamada porque o vapor d'água sobe, forma as nuvens, condensa-se e depois precipita-se. A principal modalidade de precipitação é a das chuvas, que acontecem sob uma condição fundamental: o arrefecimento do vapor de água contido no interior das nuvens. Quando o vapor de água se condensa muito acima da superfície terrestre, há a formação das nuvens responsáveis pelas chamadas precipitações atmosféricas não-superficiais, representadas pela neve, pelo granizo e pela chuva, a mais importante de chuva.

5. Massas de ar: são grandes volumes de atmosfera que apresentam características de pressão, temperatura e umidade, conforme os seus locais de procedência. Na Zona Intertropical formam-se massas quentes de ar, enquanto que nas Zonas Glaciais originam-se as massas frias ou polares. Estas massas de ar, por outro lado, podem ser úmidas ou secas conforme se formem no oceano ou no continente, respectivamente. O encontro de duas massas de ar, uma fria, geralmente seca, e outra quente e úmida, provoca mudanças significativas no tempo, trazendo nuvens e chuvas. O ar quente, mais leve, eleva-se por cima do ar frio, mais denso. Se o ar frio predominar, teremos uma frente fria; se, ao contrário, o ar quente avançar, teremos uma frente quente.

6. Ventos: é o ar atmosférico em movimento, que ocorre por causa das diferenças de temperatura e de pressão entre os diversos locais da terra (causados pelo deslocamento de massas de ar). Ele atua como agente de transporte efetivo, intervém na polinização e no deslocamento das sementes, além de serem um poderoso agente de erosão, remodelando a paisagem de muitos locais. O aparelho que mede o sentido de onde está vindo o vento chama-se biruta.

7. Pressão atmosférica: é a força atuante da atmosfera sobre a superfície terrestre, cujo valor é expresso milibares (mb). Em regiões onde as temperaturas são mais baixas a pressão atmosférica é maior, pois as moléculas de ar estão mais concentradas. No entanto, em regiões mais elevadas, de menor temperatura, também há menor concentração de moléculas de ar (ar mais rarefeito) e, neste caso, menor será a pressão. Além de variar em função da altitude, também varia em função da temperatura. À medida que a temperatura se eleva, o ar torna-se mais rarefeito (dilata-se) e, portanto, com menor pressão. Quando a temperatura diminui, a pressão é maior porque o ar torna-se mais denso (comprime-se). Quanto maior a latitude, mais frio e maior pressão atmosférica, assim como o contrário também ocorre.

Fatores Climáticos

Os fatores climáticos, que atuam indiretamente sobre o clima, são os elementos naturais e humanos capazes de influenciar as características ou a dinâmica de um ou mais tipos de climas e devem ser analisados em conjunto, já que uma localidade, por exemplo, pode estar perto do mar e ser seca, ou pode estar próxima à linha do equador e ser fria.
Os principais fatores são a latitude, a altitude, a maritimidade (a distância de uma localidade em relação ao mar), o relevo e as correntes marítimas, além daqueles relacionados às atividades humanas.
Abaixo estão apresentados os fatores climáticos e a forma como eles podem ter influência sobre o clima de uma região e do planeta.

1. Latitude (distância ao Equador medida ao longo do meridiano de Greenwich)
Observa-se, em regiões de baixa latitude (mais perto da linha do Equador), temperaturas mais elevadas. Isto deve-se à forma esférica da Terra, que faz com que elas recebem maior incidência da radiação solar (veja figura ao lado), como é o caso da zona tropical da Terra, situada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. A insolação diminui a partir do Equador (onde os raios solares incidem perpendicularmente à superfície terrestre) em direção aos pólos (que têm elevada inclinação e reflexão dos raios solares). Portando, conclui-se que a temperatura diminui com o aumento da latitude.

2. Altitude (medida na vertical entre o nível médio das águas do mar e esse mesmo ponto)
Nas áreas de baixa altitude, a atmosfera mais densa retém e conserva o calor por mais tempo. Já nas áreas de altitude elevada, o ar mais rarefeito (de menos densidade entre as moléculas) tem menor capacidade de conservar o calor proveniente da energia do Sol (visto que a irradiação do calor é feita pelas superfícies sólidas e líquidas da Terra), ocasionando temperatura mais baixas. À medida que nos elevamos, a temperatura cai 1 ºC (aproximadamente) a cada 200 metros.

3. Continentalidade e maritimidade
O comportamento térmico das rochas difere do comportamento da água, influenciando a temperatura de forma acentuada. Acontece que a água demora mais pra esfriar do que a terra (demora a aquecer, mas conserva o calor por mais tempo), enquanto os continentes aquecem-se e esfriam-se mais rapidamente que os oceanos. Logo, nas cidades localizadas no interior do continente (continentalidade) o dia é muito quente e a noite fria (grande amplitude térmica, que corresponde à variação de temperatura), ao contrário das cidades localizadas próximas ao litoral (maritimidade), que apresentam baixa amplitude térmica.

4. Relevo
O relevo pode, também, facilitar ou dificultar a passagem de massas de ar, contribuindo para a diminuição ou o aumento da temperatura de uma região. Altas cadeias de montanha, por exemplo, podem dificultar a passagem de massas de ar marítimas, contribuindo para a formação de desertos.

5. Correntes marítimas
Correntes marítimas são deslocamentos de massas de água oceânicas geradas pela inércia de rotação do planeta, pelos ventos, diferenças de salinidade e temperatura das águas e conformação das bacias oceânicas que se movimentam por todos os oceanos do mundo distribuindo o calor. Além de apresentar influência direta na pesca, vida marinha e no clima, as correntes marítimas influem também na umidade. Isto porque as massas de ar quente provenientes do Pacífico se resfriam ao passar sobre as correntes, ocasionando condensação e chuvas. Elas chegam secas ao litoral e ao interior da América do Sul e do Norte, sendo, além de outros fatores, responsáveis pela existência de alguns desertos ao redor do globo.
As correntes quentes formam-se nas áreas equatoriais e migram para as altas latitudes, onde irradiam calor para o ar atmosférico. Já as frias formam-se nas áreas polares, migram para as baixas latitudes e provocam queda da temperatura nas áreas litorâneas próximas.
A Corrente do Golfo, por exemplo, que se desloca próxima à superfície, leva as águas aquecidas do trópico para o norte. Perto da Groenlândia, ela se esfria e afunda rapidamente, formando uma corrente fria que se desloca em sentido inverso, próxima ao fundo do oceano, transferindo o frio do Pólo Norte de volta para o Equador. Tal efeito é chamado de "bomba oceânica de calor". Esta corrente, então, ameniza o clima do litoral europeu e impede o congelamento das águas do Atlântico Norte no inverno.
Quanto à sua influência na pesca, é possível observar que as principais áreas pesqueiras do mundo localizam-se em locais de encontro entre correntes frias e quentes. Isto pode ser explicado pelo falto de que, para compensar o movimento das águas superficiais, as águas profundas são transportadas verticalmente para cima (fenômeno chamado de ressurgência), trazendo sedimentos ricos em nutrientes, além de que a iluminação solar aumenta a atividade biológica, atraindo grande quantidade de peixes.
Acredita-se que, se as correntes marítimas sofrerem alguma alteração, poderão causar mudanças substanciais no padrão climático, fazendo com que algumas regiões recebam mais chuvas e outras menos, tornando algumas áreas mais quentes e outras mais frias.

6. O fator humano
"A história da Terra registra grandes alterações climáticas mesmo antes da presença humana. A condição para o desenvolvimento da vida nas terras emersas do planeta dependeu, inclusive, de modificações na composição química da atmosfera. Mas estas mudanças ocorreram em grandes espaços de tempo.
Atualmente, as alterações climáticas e os problemas que elas projetam para o futuro são resultantes, principalmente, das atividades humanas. A poluição atmosférica tem aumentado em escala progressiva há mais de dois séculos, a partir da Revolução Industrial. A industrialização inaugurou o uso em grande escala dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural), principais responsáveis pelas mudanças climáticas que ameaçam o planeta na atualidade.
A sociedade de consumo baseada no aumento da produção e oferta de bens materiais, é outra conseqüência da "civilização industrial". No século 20, o automóvel representou a face mais visível dos valores desta sociedade, hoje é o principal responsável pela poluição atmosférica nas grandes cidades.
A dilapidação dos recursos naturais, o desmatamento, a deterioração dos rios, a construção de represas e muitas outras realizações humanas, exercem também influências negativas sobre o clima. Lidar com estas questões e propor soluções estão entre os desafios a serem enfrentados no século 21."

Fonte do fator de número 6: UOL

Tipologia dos Elementos

Correntes Marítimas
As correntes quentes formam-se nas áreas equatoriais e migram para as altas latitudes, onde irradiam calor para o ar atmosférico. Já as frias formam-se nas áreas polares, migram para as baixas latitudes e provocam queda da temperatura nas áreas litorâneas próximas.

distribuição das correntes marítimas quentes e frias

Precipitações
As nuvens, que se originam de pequenas gotas de água ou gelo que flutuam em suspensão nas camadas mais elevadas da troposfera, são formadas pela condensação do vapor da água. Se essa condensação ocorrer junto à superfície, tem-se as chamadas precipitações superficiais. Nesse caso, pode formar-se o nevoeiro ou a neblina (gotículas suspensas no ar). Já o orvalho (gotas de água sobre as plantas e outros objetos), tem origem no resfriamento do ar durante a noite, que faz com que o vapor de água irradiado da Terra se condense à superfície. Quando a temperatura da superfície atinge zero grau, o orvalho se transforma em uma delgada camada de gelo: a geada.
Quando o vapor da água se condensa muito acima da superfície terrestre, temos a formação das nuvens responsáveis pelas chamadas precipitações atmosféricas não-superficiais, representadas pela neve, pelo granizo e pela chuva:


Neve: resulta da cristalização do vapor de água no interior ou um pouco abaixo das nuvens. O acúmulo da neve nas regiões frias (polares e altas montanhas) é responsável pela formação das geleiras.

Granizo: é constituído por gelo. Sua formação deve-se às fortes correntes convectivas (movimento vertical do ar), que realizam o transporte das gotas de água para as camadas mais elevadas e mais frias, onde se dá o congelamento. Pode provocar danos consideráveis, principalmente na agricultura.

Chuva: é a mais comum das precipitações e a mais benéfica para a humanidade e para os demais seres vivos. Resulta do contato de uma nuvem saturada de vapor de água com uma camada de ar frio. O ar pode ser resfriado de várias formas na atmosfera. Em geral, consideramos três tipos de chuva:

- Convectiva: resulta da ascensão vertical do ar, que, ao entrar em contato com as camadas de ar frio, sofre condensação e se precipita. É geralmente intensa, rápida, acompanhada de trovões e às vezes de granizo (chuva de verão ou equatorial).

- Frontal: resulta do encontro de uma massa de ar frio (frente fria) com uma massa de ar quente (frente quente). É menos intensa e mais duradoura. (veja imagem abaixo)



- Orográfica ou de relevo: É resultante do deslocamento horizontal do ar, que, ao entrar em contato com as regiões elevadas (serras e montanhas), sofre condensação e, conseqüente, precipitação. (veja imagem abaixo)


Precipitação média anual ao redor do mundo

Ventos

- Alísios: são ventos que, em superfície, sopram dos trópicos para o Equador (área ciclonal, de convergência de ventos). Nas áreas equatoriais, o ar quente (mais leve) e úmido sobe. Em altitude, o ar esfria e retorna aos trópicos, formando os contra-alísios. Em virtude do movimento de rotação, os ventos, a partir da área de dispersão, desviam para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério sul.

- Monções: em virtude de diferenças de temperatura e de pressão entre as massas continentais e marítimas, as monções de verão sopram do Oceano Índico (alta pressão) para o continente asiático (baixa pressão), trazendo nuvens e chuvas. A partir do inverno, as áreas de alta pressão se situam no continente asiático, invertendo a direção dos ventos e ocasionando um período seco: são as monções de inverno. As chuvas abundantes, provocadas pelas monções de verão, têm muita importância para a população asiática, pois favorecem a produção agrícola, principalmente do arroz, alimento básico da região.

- Brisas: durante o dia, as brisas sopram do oceano para o continente (brisa marítima). Durante a noite, elas sopram do continente para o oceano (brisas continentais). (Veja esquema abaixo)

Os tipos de clima do mundo

Que fatores definem o Clima?

O Clima de uma região, como já vimos, é determinado pela sucessão habitual dos tipos de tempo. Logo, em um longo período de tempo (avalia-se a cada 30 anos) pode ocorrer uma mudança do clima, fato que até hoje nunca aconteceu.
Os fatores climáticos -em ordem decrescente de influência- são latitude, altitude e correntes marítimas. Estes atuam sobre os elementos climáticos, como a precipitação e a temperatura, os mais importes, entre outros: umidade, pressão atmosférica, nebulosidade, vento, etc. Esses, por sua vez, formam o tempo, que, em suas sucessões, definem o clima.
Além disso, podemos relacionar as zonas climáticas ao tipo de clima que nelas ocorrem, pois a localização geográfica de cada um deve-se, principalmente, à inclinação do nosso planeta em relação ao Sol. Como podemos observar no mapa a seguir, devido a estas zonas, podemos classificar os climas em quentes, frios, temperados e de altitude.


Explicaremos a seguir cada clima do nosso mundo, detalhando alguns com imagens e gráficos que indicam a temperatura e a pluviosidade da região em que estes predominam.

Equatorial

Clima característico da região intertropical, com elevada temperatura média do ar, entre 24º C e 27º C e média mensal sempre acima de 18º C. Têm altos índices pluviométricos, não apresentando períodos de seca. Não existem estações definidas. A vegetação típica deste clima é a Floresta Equatorial.

(Kuala Lumpur - Malásia)

Tropical Úmido

Apresenta temperaturas elevadas no verão, chegando a 40º C, e suaves no inverno, em torno de 20º C, além de apresentar duas estações, a úmida e a menos úmida. Sua amplitude ter
mica anual é baixa, já as temperaturas médias mensais são altas durante o ano inteiro. A vegetação pode ser floresta úmida, savana alta ou savana baixa.
(Serra do Mar no Paraná, Brasil)

Tropical Seco

Apresenta duas estações, sendo a seca mais longa que a úmida. Ocorre na zona envolvente dos desertos e mantém temperatura elevada ao longo do ano. Não há muita precipitação, esta ocorre concentrada em três a quatro meses úmidos. A vegetação predominante é a savana.


(Caxito – Província do Bengo)


Desértico

Neste clima a pluviosidade é muito baixa, e irregular, porém pode haver precipitações elevadas em um curto período de tempo. As temperaturas médias diárias e anuais são bastante elevadas. A vegetação não é permanente.

(Uluru - Austrália)

Polar

A temperatura media anual situa-se abaixo de 0ºC e, no inverno, chega a –50ºC. Há pouca preciptação, que ocorre nos meses mais quentes. Os solos são permanentemente gelados e a vegetação é tundra. Existem duas estações.

(Barrow - Canadá)

Subártico

Os verões são frios e curtos e no inverno as temperaturas médias mensais podem chegar a serem inferiores a -40º C. A média anual de temperatura fica abaixo de 10º C
e amplitude térmica é elevada. As precipitações são escassas e caem sob forma de neve. A vegetação típica é a taiga, floresta de coníferas.

(Angmagssalik - Groenlândia)

Desértico frio

Este clima tem duas estações. No Verão as temperaturas médias mensais são elevadas e no inverno são baixas. A amplitude térmica anual e diurna são muito altas. A precipitação é muito reduzida e ocorre, principalmente, no verão. No inverno ocorre sob a forma de neve. A vegetação é a caatinga.

(Kalsalinsk - Cazaquistão)

Continental frio

Clima caracterizado por uma amplitude térmica muito elevada: A temperatura no verão chega a 15ºC, enquanto no inverno a -25ºC. A precipitação é escassa e ocorre principalmente no verão. Apresenta duas estações, o verão e o inverno.


(Fair Banks - Alaska)

Clima temperado continental

É um clima de extremo: Verão quente e chuvoso e inverno rigoroso, com queda de neve. Logo, a amplitude térmica anual é muito elevada. A vegetação típica é a pradaria.


(Moscovo - Rússia)

Clima temperado marítimo

A umidade é elevada o ano inteiro e as temperaturas moderadas devido à influência marítima. A amplitude térmica anual é relativamente pequena. A vegetação típica é uma floresta temperada, hoje bastante devastada.

(Valentia - Irlanda)
Subtropical úmido

Neste clima a amplitude térmica anual não é muito elevada. A temperatura média do mês mais quente ultrapassa, frequentemente, os 22ºC. O Inverno tem temperaturas moderadas, raramente inferiores a 0ºC. É caracterizado por ter quatro estações.

(Washington - EUA)

Mediterrâneo

As temperaturas médias mensais oscilam entre os 18ºC e os 25ºC; porém, a temperatura máxima pode atingir os 40ºC. Os verões são quentes, secos e longos e os invernos frios e/ou moderados úmidos e curtos. A vegetação é um bosque com plantas adaptadas às secas, com raízes profundas, chamado maquis (hoje intensamente devastado).


(Badajoz - Espanha)

Clima de altitude

O Clima de altitude está presente em qualquer lugar do planeta com altitudes elevadas. Quanto mais aumenta este fator, maior a precipitação e menor a temperatura. Sendo assim, apresenta temperaturas muito baixas, não ultrapassando os 10º C, e amplitude térmica baixa. Suas precipitações são muito abundantes e geralmente ocorrem sob a forma de neve.

(Santis - Suiça)

CURIOSIDADES!

Você sabia...

...Que o lugar mais chuvoso não é na zona equatorial?

As localidades mais chuvosas são aquelas localizadas em zonas equatoriais, mas o lugar que apresenta a maior média de precipitação acumulada no ano é em uma região tropical, que, na maioria das vezes, apresenta estação seca e chuvosa. Esta localidade é a montanha Waialeale, no Havaí, onde média anual de precipitação é de 11700 mm.

...Que o lugar com menor precipitação é aqui na América do Sul?

Os lugares mais secos do mundo são aqueles localizados em zonas áridas. Temos, como exemplos, o oriente médio na Ásia, a região da Patagônia na Argentina, a região norte da áfrica e o deserto australiano. Mesmo assim, de todos esses lugares, o que apresenta o menor índice de precipitação é o deserto do Atacama na cordilheira dos Andes, da parte chilena, onde apresenta, nas partes mais secas, índice de 0mm. Em mais de 10 anos, algumas partes do deserto de Atacama não registraram mais de 5mm.

Deserto do Atacama, Chile

...Que existe um lugar que no inverno registra temperaturas iguais a da Antártida?

A cidade de Verkoiansk na Rússia apresenta temperaturas no inverno tão baixas quanto a temperatura do Pólo Sul da Antártida, que já registrou -89ºC, onde a temperatura no inverno chega facilmente a -60°C e no verão as maiores temperaturas não são superiores a -5°C. A menor temperatura registrada nesta cidade é de -80°C. Mesmo assim, no verão, essa cidade registra temperaturas de até 30ºC no mês mais quente!

...Que o Oriente Médio é o lugar onde apresenta uma das maiores amplitudes térmicas diárias?

Num mesmo dia, no Oriente Médio, as temperaturas podem variar em 30ºC! Lá não é raro que no fim do inverno a temperatura mínima chegue a ficar em torno de 2ºC; mas com o decorrer do dia, à tarde a máxima chega a 35ºC. A média de temperaturas máximas nessa região chega a mais de 45ºC no verão.

...Que existe um Mar dentro do Oceano Atlântico?

As suas águas são quentes, limpas e azuis. Ele está situado no meio do Oceano Atlântico, perto dos Açores, e não tem nenhuma linha costeira. Este é o Mar do Sargaço, também conhecido como “Deserto Flutuante”. O Mar é formado pela corrente do Golfo e pela corrente Equatorial Norte, que formam um círculo oval que roda no sentido dos ponteiros do relógio. Apesar de um terço do plâncton do Atlântico ser produzido aqui, não existem nutrientes suficientes para atrair os peixes.

...Qual a máxima temperatura já registrada na Terra? E a mínima?

A mais alta temperatura que se tem notícia na Terra, 58 graus centígrados, foi registrada na cidadezinha de El Azizia, perto de Trípoli, na Líbia, norte da África, em 13 de setembro de 1922. Já a menor temperatura registrada foi de 89,02 graus abaixo de zero, em 21 de julho de 1983, na estação soviética de Vostók, na Antártida, em 21 de Julho de 1983. Nessa paisagem gelada, os termômetros marcam, habitualmente, entre 30 e 60 graus negativos.


Vostók, Antártica

Al Alziza, Líbia

Como se faz a previsão do tempo? Por que ela erra tanto?

Trata-se de uma operação mundial, altamente automatizada. Isso é necessário porque as condições meteorológicas em uma determinada região do planeta podem afetar outras partes do globo. Só para elaborar a simples previsão que assistimos todos os dias na TV, é posto em marcha um exército de dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro, além de equipamentos dos mais diversos e complexos. Depois de toda essa coleta de dados, as informações obtidas em cada país são enviadas aos centros meteorológicos mundiais. Neles, tudo o que foi coletado é processado em computadores, junto com imagens de satélites. O resultado é o chamado "estado inicial global", um amontoado de números que descreve, da maneira mais fiel possível, a situação do clima mundial em um único instante. Sabendo como está o tempo agora, é possível prever como ele se tornará no futuro, por meio de complexas equações matemáticas.
No Brasil, o estado inicial global é processado no supercomputador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), órgão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista. O CPTEC também faz previsões regionais, que descrevem o clima brasileiro com mais detalhes. Por fim, na ponta da cadeia, estão os meteorologistas contratados para as previsões que saem na mídia. Tendo acesso às previsões regionais, globais e às imagens de satélite, eles elaboram o próprio diagnóstico pessoal. A previsão pode errar por vários motivos. Primeiro, o clima é um dos fenômenos mais complexos da natureza e nem todos os fatores e leis que o governam são totalmente conhecidos. Outra causa de erro são falhas e lacunas nas observações, que resultam em um modelo global menos preciso. Tudo isso faz com que as equações processadas se desviem da realidade à medida que avançam para o futuro.
"A previsão para o dia seguinte é quase 100% segura, mas prever o clima para um mês inteiro é um tiro no escuro", afirma Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia da Universidade de São Paulo (USP).
ESFORÇO COLETIVO
Radares, navios, satélites e até aviões de passageiros colaboram na coleta de dados

CÉREBROS GLOBAIS
Três centros meteorológicos mundiais - em Washington (Estados Unidos), Moscou (Rússia) e Melbourne (Austrália) - reúnem a gigantesca quantidade de dados coletados e produzem um modelo computadorizado que representa a temperatura, os ventos, a pressão atmosférica e a umidade do ar em cada ponto do globo. Esse modelo vai servir de base para as previsões feitas em cada país.

UMA REDE METEOROLÓGICA MUNDIAL
O clima é um fenômeno global e conhecê-lo pede um esforço com o mesmo alcance. Por isso, uma convenção de países criou, em 1947, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), hoje filiada às Nações Unidas e com 185 membros. Cada país tem um centro meteorológico nacional, responsável por reunir os dados coletados em seu território. Todos são ligados em uma rede de dados (à esquerda) por cabos submarinos e satélites.

AJUDA MARÍTIMA
Navios comerciais também podem ajudar voluntariamente, fazendo o papel de estações de superfície onde não há terra. Alguns têm equipamentos automáticos que enviam dados sobre a temperatura do mar e a atmosfera. Outros dependem da tripulação para colhê-los.

BASES LOCAIS
Centros meteorológicos nacionais são os responsáveis por reunir as informações colhidas em todo o território do país, organizá-las, e enviá-las para os centros mundiais, onde irão ajudar a compor o modelo global. O centro brasileiro é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília.

DO FUNDÃO À SUPERFÍCIE
Bóias meteorológicas remotas, algumas fixas no fundo do mar, algumas à deriva, complementam o trabalho dos navios enviando dados por rádio às centrais. Há aproximadamente 700 delas espalhadas pelo mundo.

DE PONTA A PONTA
Satélites de órbita polar voam a apenas 850 quilômetros da Terra, percorrendo o globo de pólo a pólo. Essa trajetória lhes permite registrar aquilo que os geoestacionários não podem. Por estarem mais próximos, também fornecem imagens mais detalhadas. Os satélites NOAA-12 e NOAA-14 atravessam o território brasileiro de norte a sul.

COLABORAÇÃO AÉREA
Linhas aéreas comerciais são uma das fontes mais importantes de observações meteorológicas, porque, através de convênios, os milhares de vôos de carreira que partem dos aeroportos todos os dias também informam sobre o clima dos lugares por onde passam. No Hemisfério Sul, onde há muito menos linhas aéreas, a observação fica prejudicada.

OBSERVAÇÃO CONTÍNUA
Balões atmosféricos ficam à deriva por vários dias sobre determinadas regiões. Sua função é medir as variações climáticas durante períodos mais longos.

POSTO TERRESTRE
Estações de superfície medem, a cada hora que passa, a quantidade de chuva e outros dados sobre o clima. São mais de 10 000 postos em todo o mundo, alguns automatizados, outros com operadores de plantão. O Hemisfério Sul tem menos estações, pois boa parte da sua área é ocupada por oceanos.

SENTINELA ESPACIAL
Sondas estratosféricas descartáveis estudam a atmosfera verticalmente a partir da estação em que são lançadas. Elas transmitem de forma continuada para a Terra dados sobre temperatura, pressão, umidade e velocidade do vento a uma altura de até 30 quilômetros.

COMPUTADOR PROFETA
No Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, no interior de São Paulo, o estado inicial global - recebido dos centros mundiais - é processado em supercomputadores. A partir desse modelo, eles simulam matematicamente como será o clima nos próximos dias.

INTEMPÉRIE À VISTA
Radares meteorológicos, na maioria das vezes construídos no pico de altas montanhas, formam uma imagem do nível de precipitação (chuva, neve etc.) em um raio de até 400 quilômetros à sua volta. Eles conseguem detectar tornados e furacões.

Mudanças Climáticas

Introdução

As mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra que podem ser tanto um efeito de processos naturais ou decorrentes da ação humana e correspondem à variação de temperatura, precipitação, nebulosidade e outros fenômenos climáticos verificados através de registros científicos nos valores médios ou desvios da média, apurados durante o passar dos anos. Tais variações podem alterar as características climáticas de uma maneira a alterar sua classificação didática e podem ser causadas por processos internos ao sistema Terra-atmosfera, por forças externas (como, por exemplo, variações na atividade solar) ou, como vem ocorrendo mais recentemente, pelo resultado da atividade humana. Elas são produzidas em diferentes escalas de tempo em um ou vários fatores meteorológicos como, por exemplo: temperaturas máximas e mínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperaturas dos oceanos, nebulosidade, umidade relativa do ar, etc.

Atualmente as mudanças climáticas têm sido alvo de diversas discussões e pesquisas científicas. Um significativo aumento na temperatura global foi verificado nas últimas décadas, fenômeno conhecido como aquecimento global, gerado pelo aumento da poluição do ar. Como conseqüência o gelo das calotas polares está derretendo e o nível de água dos oceanos vem aumentando, além do processo de desertificação que também tem aumentado nas últimas décadas em função das mudanças climáticas.

É importante ressaltar que o termo “mudança do clima” ou “mudanças climáticas” vem sendo utilizado de forma pouco apropriada, já que ele também pode ser usado tanto para indicar as mudanças climáticas atuais, bem como o aquecimento global originado em causas antropogênicas, ou seja, causadas pela atividade humana.

Causas


As mudanças climáticas são provocadas por fenômenos naturais ou por outras razões, como a ação humana. Estas vem sendo explicadas de formas diversas e a partir de diferentes perspectivas. Não há, no entanto, uma teoria comprovada capaz de concluir o que realmente está provocando o aquecimento global que é, sem dúvida, um fato. Porém sabe-se que as mudanças climáticas têm sido mais intensas desde a Revolução Industrial (século XVIII), momento em que houve um aumento significativo na liberação de gases tóxicos e poluentes no ar.
Entre as causas comprovadas e as prováveis encontram-se as seguintes:

Causas Naturais: o fenômeno da mudança do clima é um evento que pode acontecer de forma natural. Assim, esse fenômeno pode ter causas com origem externa, de fora do planeta, bem como origem terrestre.

Influência externa:
dentre as causas com origem fora do globo terrestre temos as causas com origens solares, que vão desde a variação da energia solar que chega a terra até a variação da própria órbita terrestre.

Ciclo Solar: a temperatura da Terra depende do Sol, que emite radiação. A radiação solar é parcialmente refletida para o espaço e o tem seu restante absorvida pela Terra em forma de calor. Esta energia não chega à Terra de maneira uniforme, apesar do Sol ser uma estrela de classe G e ser muito estável, essa energia aumenta cerca de 10% a cada um bilhão de anos, ou seja, no início da vida na Terra, quase quatro bilhões de anos atrás, a energia do Sol era em torno de 70% da atual. Outro tipo de variação da radiação solar ocorre em decorrência dos ciclos solares, que são mais importantes que a primeira, no que diz respeito à mudança do clima terrestre, visto que essa variação é uma oscilação e não somente um crescente e ocorre em períodos mais curtos.

Variação Orbital: é o aumento, ou diminuição, das radiações solares devido às variações no movimento da Terra em relação ao Sol. A variação orbital ocorre periodicamente, fazendo com que a radiação solar chegue de forma diferente em cada hemisfério terrestre de tempos em tempos. Ela é responsável pelas variações glaciares, que são períodos de longos verões e longos invernos. Essa variação tem como causas: a precessão dos equinócios, a excentricidade orbital e a inclinação do eixo terrestre.

Impacto de Meteoritos:
são eventos raros, mas também podem modificar o clima na terra, já que impactos de grandes proporções podem modificar profundamente a biosfera.

Influência Interna: as causas com origem interna são as mais variadas. Dentre elas temos a deriva dos continentes, movimentação das placas tectônicas sobre a astenosfera, que é algo em torno de centímetros por ano,o que poderia provocar um distúrbio na atmosfera, já que os movimentos orogenéticos de formação de montanhas também poderiam estar prejudicando a circulação dos ventos.

Causas Antropogênicas

- Emissão de gases do efeito estufa: a maioria dos cientistas atribui aos gases do efeito estufa como o gás carbônico, que em excesso, aumentaria a temperatura, retendo mais calor. Entretanto, podemos notar que noutros lugares, o que retém calor é o vapor de água. Outros dizem o contrário sobre o gás carbônico, que o seu aumento na atmosfera reduziria a incidência solar e, conseqüentemente, abaixaria a temperatura. Outros fatores antropogênicos que adicionam a um aumento no dióxido de carbono incluem o desmatamento, a queimada dos combustíveis fósseis e o cultivo do gado. Como já foi dito, o início desse ciclo de liberação de gases prejudiciais na atmosfera terrestre em grande escala ocorreu na Revolução Industrial, onde predominou a queima de combustíveis fósseis e a exploração predatória dos recursos naturais da Terra.

Aquecimento Global


Ao lançar muitos gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera, o planeta se torna quente cada vez mais, podendo levar à extinção da vida na Terra, ou seja, há um agravamento no efeito estufa, caracterizando o chamado aquecimento global. É bom salientar que o efeito estufa é um fenômeno natural para manter o planeta aquecido. Desta forma é possível a vida na Terra. Já o aquecimento global, acontece quando são lançados mais gases de efeito estufa do que as florestas e os oceanos são capazes de absorver. Isso acontece de diversas maneiras como a queima de combustíveis fósseis (como petróleo, carvão e gás natural) e o desmatamento. O gás carbônico (CO2) contido na fumaça oriunda desse incêndio sobe para a atmosfera e se acumula a outros gases aumentando o efeito estufa. No Brasil, 75% das emissões são provenientes do desmatamento.
Existem várias maneiras de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Diminuir o desmatamento, incentivar o uso de energias renováveis não-convencionais, eficiência energética e a reciclagem de materiais, melhorar o transporte público, conscientizar a população do gasto desnecessário dos recursos, são algumas das possibilidades.

Causas


O sistema climático terrestre muda em resposta a variações em fatores externos incluindo variações na sua órbita em torno do Sol, erupções vulcânicas,e concentrações atmosféricas de gases do efeito estufa. As causas detalhadas do aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o consenso científico identifica os níveis aumentados de gases estufa devido à atividade humana como a principal causa do aquecimento observado desde o início da era industrial. Essa atribuição é mais clara nos últimos 50 anos, para os quais estão disponíveis os dados mais detalhados. Contrastando com o consenso científico, outras hipóteses foram avançadas para explicar a maior parte do aumento observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o aquecimento é resultado principalmente da variação na atividade solar.

Conseqüências

Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas a ele. A diminuição da cobertura de gelo, o aumento do nível do mar, as mudanças dos padrões climáticos, são exemplos das conseqüências do aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas, mas também os ecossistemas. Aumento da temperatura global permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus hábitats (com possibilidade de extinção) devido a mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas, desequilibrando a vida na Terra.


Urso polar, animal ameaçado de extinção por causa do derretimento das calotas polares, provocada pelo aumento da temperatura

Quando pensamos em aquecimento global, a primeira idéia que temos é de um fênomeno totalmente prejudicial; entretanto, ele também pode ter efeitos positivos, uma vez que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno número de espécies que esteja florescendo.

O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos oceanos, o que fará com que haja na atmosfera mais vapor de água (o gás de estufa mais importante, sobretudo porque existe em grande quantidade na nossa atmosfera). Isso poderá fazer com que aumente cada vez mais o efeito de estufa e com que o aquecimento da superfície seja reforçado. Forma-se, assim, um ciclo vicioso e de difícil reversão. Nesse caso, pode se esperar um aquecimento médio de 4 a 6°C na superfície terrestre. Mas mais umidade no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera, podendo causar um efeito de arrefecimento.

As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada pela superfície, de um modo semelhante aos gases estufa. O efeito dominante depende de muitos fatores, nomeadamente da altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas. Por outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar pesados aguaceiros e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar resultados mais extremos no clima, com um progressivo aquecimento global.

A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está diminuindo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios por causa aumento do aquecimento global.

O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas previstas devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser piorado pelas densidades crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser previsto que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como poucas mortes devido à exposição ao frio.

Efeitos adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770 milímetros entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração da circulação termoalina, reduções na camada de ozônio, aumento na intensidade e freqüência de furacões, baixa do pH do oceano e propagação de doenças como malária e dengue. Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.
Vídeo da Fundação O Boticário sobre as mudanças climáticas

EL NIÑO: A receita da Confusão

Quando ele chega, tudo muda de lugar. Ventos que durante milênios sopravam num mesmo sentido passam a correr de trás para a frente. Chuvas viram secas, calor dá lugar a frio e o que era gélido começa a torrar. O responsável por tudo, o El Niño, é o primeiro indício descoberto pelos meteorologistas de que o clima pode mudar em escala planetária num período muito curto, praticamente de um ano para outro. Abaixo você vai descobrir como tudo acontece, o que a ciência sabe sobre ele e como os seus efeitos podem mudar o planeta.
O alarme veio dos sensores do satélite americano Noaa, o poderoso vigilante do clima do mundo. No dia 2 de março de , eles registraram uma manchinha de calor no Pacífico, a cerca de 100 quilômetros da costa do Peru. Como logo ficaria provado, ali estava o primeiro sinal de que o clima ia sair dos trilhos em 1991. Era um embrião do El Niño, que, tecnicamente, é exatamente isso: um aquecimento acima do normal das águas do Pacífico.

Em março, elas estavam só 1 ou 2 graus Celsius acima dos 24,5 que são normais. Em 15 de setembro, seis meses e meio depois, a diferença tinha chegado a 5 graus. E continuou subindo. E a manchinha no mar virou uma língua de calor, com quase 10 000 quilômetros de extensão por 2 000 de largura.

A rapidez da evolução do El Niño foi espantosa. No dia 9 de junho, o Cptec fez bonito: foi a primeira instituição do mundo a matar a charada. Foi ele quem anunciou que a manchinha de calor, que logo se transformaria na grande língua, era de fato a instalação do El Niño. Era quente, líquido e certo: logo viriam as inundações, tempestades, nevascas e secas.

Se o El Niño causa tudo isso, o que é, afinal, que causa o El Niño? A melhor resposta existente parece piada: o que causa o El Niño é uma gangorra. Sempre que a pressão atmosférica sobe no Oceano Índico, ela desce no Pacífico. E vice-versa. Notados há poucas décadas, o El Niño e a gangorra são traços milenares do clima. A gangorra intrigante, que foi ironizada quando anunciada pelo inglês Gilbert Walker, em 1928, não só era para ser levada a sério, como está na raiz desse hospício instalado no nosso planeta. Louco não foi o descobridor da gangorra da pressão. Louco mesmo era o clima.

Um jogo de empurra sobre o planeta

A peça-chave do clima planetário é um jogo de empurra que faz a pressão atmosférica subir num ponto e, ao mesmo tempo, descer num outro canto da Terra. É chamado de Oscilação Sul e, como faz uma aliança com o El Niño, os cientistas, agora, sempre falam no par El Niño-Oscilação Sul, ou Enso, que é a sua sigla em inglês. Hoje, é difícil descer num lugar do mundo onde o Enso não se intrometa.

Vamos lá. Pousando no Paquistão, em agosto, você presenciaria crianças com sede, arrastando as sandálias no chão rachado de tão seco. É que o Enso faz a pressão subir sobre o Oceano Índico. Traduzindo, faz o ar descer do alto da atmosfera para a superfície. Assim, empurra para longe a umidade das monções. E, sem esses ventos, não chega chuva no Paquistão.

Executivos esfogueados

Pulando daí para a Flórida, já no final do ano, você veria donas de casa na praia vigiando o horizonte. Torcendo para que o jogo das pressões despedasse os furacões lá no meio do Oceano Atlântico, bem antes de eles chegarem ao continente.

Corta para o Japão. A cena são executivos esfogueados, em dezembro, porque o frio não chega, apesar de ter passado da hora. É que a pressão empurra o ar para baixo, espalhando as nuvens. Aí, o sol bate direto e eleva a temperatura.

É por tudo isso que boa parte da massa cinzenta queimada pelos estudiosos do clima, nos últimos quinze ou vinte anos, foi consumida para investigar a dupla El Niño-Oscilação Sul. Foram tantos estudos e análises que os cientistas já viram uma lógica dentro da loucura, e com isso fazem até previsões. "Observando os sinais de que o Enso está se formando, pode-se antecipar as características do clima com antecedência de até dois anos", disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Godwin Obasi.

Os cientistas só não sabem dizer, ainda, qual é o gatilho que dispara o próprio transtorno. Há quem tente botar a culpa no efeito estufa, que é o excesso de calor provocado pela poluição industrial. Mas o Enso aparece em registros históricos, muito antes de existir indústria e poluição. Então, por enquanto, tentar forçar uma explicação só aumenta a doidice que já cerca o fenômeno. E aí, a loucura não é mais do clima. É da imaginação.

A gestação no Pacífico:
Compare o calor da água (vermelho) num ano em que não houve El Niño com dois anos que ele apareceu


15 de setembro de 1991: não há El Niño

16 de setembro de 1982: El Niño recorde

16 de março de 1997: começa o deste ano

15 de junho de 1997: quente e subindo

14 de setembro de 1997: empate com 1982

Dois jeitos de ser

Dentro da atmosfera, o ar circula junto à linha do equador como se estivesse encanado. Ele gira entre a superfície e o topo da atmosfera formando circuitos fechados, chamados células de Walker. Uma ao lado da outra, elas dão a volta ao mundo. Em 1928, o inglês Gilbert Walker viu que as células amarravam a pressão atmosférica entre dois oceanos: o Índico e o Pacífico. Se a pressão aumenta de um lado, ela diminui do outro, e vice-versa. Ou seja, se o ar pressiona o cidadão contra o solo de um lado, do outro ele sobe e alivia a força, do outro. O jogo das pressões corre pelas células e dá a volta ao mundo. Você vai ver, aqui, como esse jogo cria o El Niño.



Transtornos no bolso

O El Niño de 1982 foi o mais forte do século, até agora. Na América do Sul, quem mais sofreu foi o Peru. A pesca, uma atividade econômica chave, ficou prejudicada. As enchentes também atrapalharam o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e o Brasil, na Região Sul. O Nordeste sofreu com a seca. O prejuízo total na América do Sul foi de 3 bilhões de dólares, e, em todo o planeta, 13 bilhões. Leia abaixo o custo dos desastres.

Enchentes

O prejuízo recorde, de 1,3 bilhão de dólares, coube aos Estados Unidos. O Peru e o Equador arcaram com 650 000 dólares, vindo a Bolívia em seguida, com 300 000.


Furacões

Causaram impacto bem menor. O Havaí pagou o maior preço, 230 000 dólares. Ao Taiti couberam 50 000. Os dois lugares ficam no Pacífico.



Secas

A Austrália perdeu 2,5 milhões de dólares. Vieram depois a África do Sul com 1 milhão, a Indonésia com 500 000, as Filipinas com 450 000. A América Central arcou com 600 000 dólares.




Efeitos colaterais daqui ao Japão

Confusões que os brasileiros já viram


Uma alteração típica provocada pelo El Niño foi o aumento das chuvas na Região Sul, durante o mês de agosto de 1990. Já na Serra da Mantiqueira e no litoral da Bahia caiu menos água do que deveria. Os termômetros subiram, em geral, 2 ou 3 graus Celsius no leste de São Paulo, no nordeste de Goiás e no sul do Mato Grosso do Sul. No centro da Bahia e no sul do Piauí o tempo ficou até 3 graus mais fresco. Daqui para a frente, todos concordam que vai chover mais no Sul e menos no Nordeste. Também vai ficar mais frio no Sul e mais quente no Nordeste.


Fonte: Revista Superinteressante de janeiro de 1991 (texto adaptado)

Clima mais frio também é culpa da poluição

A Terra está se aquecendo graças ao efeito estufa, causado pela emissão de gases que retêm o calor do Sol. Mas, nas últimas décadas, o clima no norte do Oceano Atlântico está cada vez mais frio. Climatologistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos, no Colorado, sugerem um motivo para a contradição. Segundo eles, o ácido sulfúrico que escapa junto com os gases das chaminés das indústrias criam aerossóis (gotículas) na atmosfera, que facilitam a formação de nuvens. Estas funcionam como guarda-sóis, opondo obstáculo à entrada do calor solar. Usando um modelo em computador, os pesquisadores verificaram que essas nuvens não têm apenas efeito local, mas alteram todo o comportamento dos ventos. Resultado: as correntes de inverno chegam mais cedo ao Canadá e as tempestades na costa leste dos Estados Unidos ficam cada vez mais violentas.

E SE...

... NÃO HOUVESSE ESTAÇÕES?

Hitler venceria a batalha de Stalingrado, durante a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha dominaria a Rússia. A luta na Rússia teria sido rápida, conforme o planejado. Cerca de 150 anos antes do líder nazista, Napoleão não teria sofrido, no mesmo local, sua maior derrota. O destino desses grandes personagens da história teria sido outro se não fosse por um importante vilão: o inverno russo. Hitler perdeu cerca de 600 mil homens por causa do frio. Napoleão, mais de 300 mil. As baixas marcaram a derrota dos dois. Mas tudo teria sido diferente se não houvesse as quatro estações do ano tal qual conhecemos hoje.

E seria possível não haver as estações? Sim. Na verdade, a atual distribuição das estações é mantida por um acaso astronômico: o eixo de rotação da Terra é levemente inclinado em relação ao plano do Sol. Esse pequenino detalhe, definido há bilhões de anos, é que gera as estações. Se o eixo da Terra fosse perpendicular ao Sol, o clima seria constante em cada região do planeta. A falta de variação reforçaria os climas em cada região. Os trópicos seriam ainda mais quentes e riquíssimos em vida vegetal e animal (as horas a mais de sol favoreceriam a fotossíntese).

As regiões de clima temperado, que, no Brasil, vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul, viveriam uma eterna primavera. E os pólos, onde só haveria um sol fraquinho o ano todo, ficariam frios e desertos. A temperatura seria mais baixa que a média atual, entre -30 0C e -40 0C, e a vida que hoje existe por lá desapareceria, ou migraria para regiões mais quentes. Os banhistas de Mar del Plata, no litoral argentino, talvez disputassem espaço na areia com pingüins e leões marinhos. No mundo animal, haveria outras mudanças. As grandes migrações, por exemplo, não existiriam. Afinal, o que faz gansos voarem por milhares de quilômetros todos os anos é o inverno e a escassez de comida e calor que ele traz.

Para nós, brasileiros, a mudança eliminaria alguns maus hábitos causados pela importação de costumes do hemisfério norte. Nossa ceia de Natal, por exemplo, deveria ser leve, já que aqui a data coincide com o verão. Mas copiamos a ceia do norte, feita para o inverno, com carnes gordas e frutas secas. Essa defasagem desapareceria, já que regiões de mesma latitude, ao norte e ao sul, teriam clima parecido.

Os calendários também seriam diferentes e talvez o ano nem tivesse a duração atual. O ano de 365 dias foi criado pelos babilônios, um povo que viveu há 6 mil anos onde hoje fica o Iraque. Com relógios de sol, eles perceberam que a sombra dos objetos variava com a passagem dos dias, completando um ciclo a cada 365 dias. E viram que havia quatro mudanças de clima nesse período. Nasceu assim o ano das estações. Sem essa variação, a passagem do tempo poderia ser organizada de outra forma, e hoje poderíamos ter um ano mais longo ou menor.
Algumas datas religiosas teriam que ser revistas. A Páscoa cristã, que comemoramos este ano no dia 20 de abril, precisaria de outro critério para ser marcada. Embora seja uma data cristã, ela é calculada com base nas estações: acontece no primeiro domingo depois da primeira lua cheia após a entrada da primavera no hemisfério norte. Adeus, coelhinhos de chocolate.

Clima estável
Sempre frio
Sem a variação de luminosidade, os pólos seriam ainda mais frios do que hoje, e provavelmente as calotas polares seriam mais espessas e extensas. Em um clima assim, nem pingüins conseguiriam viver. Eles migrariam para regiões mais quentes, ou simplesmente seriam extintos

Eterna primavera
Nas regiões onde hoje as estações são bem marcadas, o clima ficaria estacionado no que hoje se conhece como primavera ou outono, ou seja, uma meia estação. A paisagem, que atualmente varia ao longo do ano seguindo as estações, seria permanente, como é nas regiões tropicais, onde não há tanta variação de temperatura

Calorão
Aqui os raios solares incidiriam verticalmente durante o ano todo. O deserto do Saara provavelmente seria ainda mais seco e quente. Mas o mar, coalhado de algas, seria ainda mais rico nos trópicos, sustentando boa parte da vida do planeta

A representação do globo terrestre seria diferente, sem a inclinação

Mais luz no norte
Em julho, a luz solar incide mais diretamente sobre o hemisfério norte. É verão por lá. Na Groenlândia, o gelo se derrete e a vegetação cresce. Londrinos, nova-iorquinos e berlinenses tomam sol nos parques

Verão brasileiro
Em janeiro, é o hemisfério sul que está mais exposto à luz solar. É verão no Brasil, na Austrália e na África. As calotas de gelo que circundam a Antártida recuam, os pássaros migram para o sul e as praias ficam cheias

Sempre igual
Se o eixo de rotação da Terra fosse perpendicular ao Sol, cada região do planeta receberia a mesma quantidade de calor durante o ano todo. O clima de cada região seria determinado apenas pela latitude, ou seja, a distância da linha do equador.

Como é hoje:

Como seria:


Fonte: Revista Superinteressante de julho de 2003 (texto adaptado)


... A TERRA GIRASSE PARA O OUTRO LADO?

Você se lembra do filme Super-Homem, em que o herói faz a Terra girar no sentido contrário e, com isso, volta no tempo? Lembra? Pois esqueça. Isso é Hollywood. Se fôssemos levar a sério a hipótese de que a Terra girasse ao contrário, a principal mudança seria em outros tempos: o tempo frio, o tempo quente, o tempo chuvoso e todos os outros que caracterizam o clima. Sim, a rotação da Terra tem influência direta sobre as condições climáticas.

No Rio de Janeiro, em vez de biquínis teríamos casacos à beira-mar. Em Santa Catarina, em vez de golfinhos, leões-marinhos, talvez orcas. Assim seriam os cartões-postais do Brasil. Tudo isso porque a rotação da Terra tem influência direta no movimento das correntes de ar próximas ao oceano e, conseqüentemente, das correntes do oceano. E essas correntes oceânicas são responsáveis em grande parte pelo clima terrestre. São elas os principais veículos de distribuição do calor absorvido pelos trópicos. Para se ter uma idéia, as correntes de água quente liberam no Pólo Norte uma energia equivalente a 30% da energia solar que atinge a terra dos esquimós. O contrário também é verdade, ou seja, elas carregam frio polar para os trópicos, equilibrando o clima planetário.

Se a Terra girasse no sentido contrário, as correntes oceânicas também se inverteriam. "Isso teria um impacto climático decisivo", diz Ricardo de Camargo, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (leia algumas mudanças no infográfico abaixo).

Se o mar e os ventos corressem em sentido contrário, a história humana seria outra, também. Para ficar em um exemplo: foi na crista dos ventos e das correntes oceânicas que correm da costa africana para o Brasil que Cristóvão Colombo chegou ao novo mundo. Se a corrente fosse contrária, os europeus precisariam esperar que a tecnologia naval se desenvolvesse um pouco mais para se aventurar pelo Atlântico.

Para entender o movimento de rotação da Terra é preciso voltar às origens do sistema solar. Há cerca de 5 bilhões de anos, o Sol era cercado por uma grande nuvem giratória de gás e poeira. Ao longo de milhões de anos, o material disperso nessa nuvem foi se aglomerando e formando os oito planetas vizinhos da Terra. Por isso, todos seguem o mesmo movimento da nuvem que lhes deu origem, com exceção de Vênus, Urano e Plutão, que giram em sentidos diferentes, por razões variadas. No caso de Vênus, uma das explicações é que seu eixo teria virado de cabeça para baixo sob a força de atração de outros planetas, segundo Sylvio Ferraz-Mello, professor do Departamento de Astronomia da USP. Urano os cientistas acreditam que se formou por dois planetas que se chocaram. A colisão teria dado origem ao novo movimento. Já sobre Plutão sabe-se muito pouco e não há dados disponíveis para entender a rotação anômala.

Mas não só o clima mudaria. Se a Terra girasse para o outro lado, o ano teria dois dias a mais. Isso ocorreria porque cada dia seria quase oito minutos mais curto ou seja, a Terra daria mais voltas em torno de si mesma até completar uma volta completa em torno do Sol.

O conceito do que é oriente e ocidente, ligado ao local onde o Sol nasce e se põe, também se inverteria. Pois o Sol, assim como a Lua e as estrelas, nasceriam do lado oeste (atual Ocidente) ao invés do lado leste (atual Oriente) do globo. O Japão mudaria de nome. A palavra Japão vem do chinês jih-pun ("Sol nascente", origem do sol), que é a forma abreviada de jih-pun-kuo ("país da origem do Sol"), nome pelo qual os chineses designavam seus vizinhos à direita. No novo cenário, seríamos nós os orientais.


(para ver as imagens e tamanho maior, clique sobre elas)

Fonte: Revista Superinteressante de julho de 2003 (texto adaptado)