sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Como se faz a previsão do tempo? Por que ela erra tanto?

Trata-se de uma operação mundial, altamente automatizada. Isso é necessário porque as condições meteorológicas em uma determinada região do planeta podem afetar outras partes do globo. Só para elaborar a simples previsão que assistimos todos os dias na TV, é posto em marcha um exército de dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro, além de equipamentos dos mais diversos e complexos. Depois de toda essa coleta de dados, as informações obtidas em cada país são enviadas aos centros meteorológicos mundiais. Neles, tudo o que foi coletado é processado em computadores, junto com imagens de satélites. O resultado é o chamado "estado inicial global", um amontoado de números que descreve, da maneira mais fiel possível, a situação do clima mundial em um único instante. Sabendo como está o tempo agora, é possível prever como ele se tornará no futuro, por meio de complexas equações matemáticas.
No Brasil, o estado inicial global é processado no supercomputador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), órgão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista. O CPTEC também faz previsões regionais, que descrevem o clima brasileiro com mais detalhes. Por fim, na ponta da cadeia, estão os meteorologistas contratados para as previsões que saem na mídia. Tendo acesso às previsões regionais, globais e às imagens de satélite, eles elaboram o próprio diagnóstico pessoal. A previsão pode errar por vários motivos. Primeiro, o clima é um dos fenômenos mais complexos da natureza e nem todos os fatores e leis que o governam são totalmente conhecidos. Outra causa de erro são falhas e lacunas nas observações, que resultam em um modelo global menos preciso. Tudo isso faz com que as equações processadas se desviem da realidade à medida que avançam para o futuro.
"A previsão para o dia seguinte é quase 100% segura, mas prever o clima para um mês inteiro é um tiro no escuro", afirma Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia da Universidade de São Paulo (USP).
ESFORÇO COLETIVO
Radares, navios, satélites e até aviões de passageiros colaboram na coleta de dados

CÉREBROS GLOBAIS
Três centros meteorológicos mundiais - em Washington (Estados Unidos), Moscou (Rússia) e Melbourne (Austrália) - reúnem a gigantesca quantidade de dados coletados e produzem um modelo computadorizado que representa a temperatura, os ventos, a pressão atmosférica e a umidade do ar em cada ponto do globo. Esse modelo vai servir de base para as previsões feitas em cada país.

UMA REDE METEOROLÓGICA MUNDIAL
O clima é um fenômeno global e conhecê-lo pede um esforço com o mesmo alcance. Por isso, uma convenção de países criou, em 1947, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), hoje filiada às Nações Unidas e com 185 membros. Cada país tem um centro meteorológico nacional, responsável por reunir os dados coletados em seu território. Todos são ligados em uma rede de dados (à esquerda) por cabos submarinos e satélites.

AJUDA MARÍTIMA
Navios comerciais também podem ajudar voluntariamente, fazendo o papel de estações de superfície onde não há terra. Alguns têm equipamentos automáticos que enviam dados sobre a temperatura do mar e a atmosfera. Outros dependem da tripulação para colhê-los.

BASES LOCAIS
Centros meteorológicos nacionais são os responsáveis por reunir as informações colhidas em todo o território do país, organizá-las, e enviá-las para os centros mundiais, onde irão ajudar a compor o modelo global. O centro brasileiro é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília.

DO FUNDÃO À SUPERFÍCIE
Bóias meteorológicas remotas, algumas fixas no fundo do mar, algumas à deriva, complementam o trabalho dos navios enviando dados por rádio às centrais. Há aproximadamente 700 delas espalhadas pelo mundo.

DE PONTA A PONTA
Satélites de órbita polar voam a apenas 850 quilômetros da Terra, percorrendo o globo de pólo a pólo. Essa trajetória lhes permite registrar aquilo que os geoestacionários não podem. Por estarem mais próximos, também fornecem imagens mais detalhadas. Os satélites NOAA-12 e NOAA-14 atravessam o território brasileiro de norte a sul.

COLABORAÇÃO AÉREA
Linhas aéreas comerciais são uma das fontes mais importantes de observações meteorológicas, porque, através de convênios, os milhares de vôos de carreira que partem dos aeroportos todos os dias também informam sobre o clima dos lugares por onde passam. No Hemisfério Sul, onde há muito menos linhas aéreas, a observação fica prejudicada.

OBSERVAÇÃO CONTÍNUA
Balões atmosféricos ficam à deriva por vários dias sobre determinadas regiões. Sua função é medir as variações climáticas durante períodos mais longos.

POSTO TERRESTRE
Estações de superfície medem, a cada hora que passa, a quantidade de chuva e outros dados sobre o clima. São mais de 10 000 postos em todo o mundo, alguns automatizados, outros com operadores de plantão. O Hemisfério Sul tem menos estações, pois boa parte da sua área é ocupada por oceanos.

SENTINELA ESPACIAL
Sondas estratosféricas descartáveis estudam a atmosfera verticalmente a partir da estação em que são lançadas. Elas transmitem de forma continuada para a Terra dados sobre temperatura, pressão, umidade e velocidade do vento a uma altura de até 30 quilômetros.

COMPUTADOR PROFETA
No Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, no interior de São Paulo, o estado inicial global - recebido dos centros mundiais - é processado em supercomputadores. A partir desse modelo, eles simulam matematicamente como será o clima nos próximos dias.

INTEMPÉRIE À VISTA
Radares meteorológicos, na maioria das vezes construídos no pico de altas montanhas, formam uma imagem do nível de precipitação (chuva, neve etc.) em um raio de até 400 quilômetros à sua volta. Eles conseguem detectar tornados e furacões.

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